sexta-feira, 26 de novembro de 2010





HFM - claustro das Descalças em Florença - frescos de Andrea del Sarto





O silêncio era a aura do dia e o retorno mágico de cada segundo. Envolvia todo o claustro e cada passo ecoando desaguava no mundo como se a clausura fosse a eterna liberdade do deserto.




HFM - 18 de Novembro de 2010


quarta-feira, 24 de novembro de 2010




o sopro da gargalhada
no vento do riso

o palhaço aplaudia-se


HFM - Lisboa, 22 de Novembro de 2010



segunda-feira, 22 de novembro de 2010



Underwood, Philly Shadow, quilted silk.



houve um momento
pausado e inóspito
nesse novembro
quando a arquitectura interna
se tornou cenário
e o trajecto a fazer
um mero aforismo

nem sombra
nem passagem
um código de fuga

um momento em novembro.



HFM - Lisboa, 18 de Novembro de 2010


sexta-feira, 19 de novembro de 2010



Quando te falar do sal do tempo
as brumas terão corrido junto ao mar
num acervo de trajectos efémeros


uma orgia de cellos
na espiral dos murmúrios.


HFM - Lisboa, 17 de Novembro de 2010



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Criptograma


Depuro o teu olhar
simplifico o teu corpo
abraço cada pormenor
retenho o código
a senha
ainda a memória

na imperfeita profecia
é meu o negativo.

HFM - 12 de Novembro de 2010



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Do diário




Dizem que o presente é que conta. Quase uma afirmação tipo M. de Lapalisse. Mas não carregamos em nós as memórias e não nos projectamos nas encruzilhadas da vida?

Parece-me que sim; que se enganam os que apontam o presente como o único momento que interessa agarrar à outrance. Dir-lhes-ei que basta viver o momento para ser passado.

Estranho ângulo de visão!

Quero para mim o PASSADO, o PRESENTE e o FUTURO. Como num puzzle onde sou apenas um peão com poucas ferramentas!

Talvez aí resida o que a vida tem de melhor!


HFM - Lisboa, 14 de Novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Diurnos

hfm



A lâmina era pura. Nela se sentia o poder e a visão do sangue. Sinais oscilantes. Punhais de incerteza. A magia que atrai.

Como um acrobata a vida desenrola-se na vertente mais próxima do fio.

Como uma regra. Ou será um prenúncio?



HFM - 12 de Novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Murmuraste silêncio
ao ouvido da lâmina da vida



tudo fez sentido.



HFM-19 de Setembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como num quadro de Hopper





corria a brisa na tarde
e o velho sentado na pedra
com os pés dentro de água
pousou a mão no seu ombro
entregando-lhe um papel

disse-te adeus numa noite de chuva
quando as estrelas por haver
quebraram o silêncio
e o dia não chegou

fustigava a chuva o infinito.


HFM - Lisboa, 1 de Novº de 2010


domingo, 7 de novembro de 2010

Eu, agnóstica, me confesso





foto de HFM



Profética é a onda que não desiste. Enrola em tempos calculados e, quando tudo parece matriz, desatina e abala. Assim são os meus tempos. Aparentemente acertados, contudo, tão desatinados. Excessos de desassossegos na fímbria onde envolvo os dias. Centelhas de liberdade na afirmação própria da vida que quero viver. Aberta. Vertical. Onde o encontro do eu com o comigo se faz num diálogo profícuo de mudanças. Porque o sinto, tento adaptar essa vida aos outros; porém, rejeito em absoluto as baias, as formas, as inúteis obrigações - quero um convívio de extremos partilhados. Chegam as situações extrínsecas que não posso dominar.

Assim me quero. Assim me devem aceitar. Com estas premissas todas as estradas se podem percorrer porque, na paz interior e única, em todas elas se encontram silêncios, clareiras, narrativas por inventar e até rendições consentidas.

Confesso que preciso de mim. Bem. Sem preconceitos. Nos meus silêncios. Nas minhas alegrias. Nos meus convívios. Nas ninharias que só eu compreendo. Nas minhas motivações aparentemente sem sentido.

Preciso de respirar. Quero viver.

Assim me confesso. Assim me quero. Assim. sou.

HFM - Lisboa, 23 de Outubro de 2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ao gosto do leitor (ler de cima para baixo ou vice-versa)


Quando não encontro matéria no vocábulo
só o silêncio traduz o sentido


radical


HFM - Lisboa, 21 de Outubro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sem título


Zoroastrian Tower of Silence in Mumbai


Só do silêncio se solta a palavra

no equilíbrio da língua universal.




HFM - 15 de Setembro de 2010