quinta-feira, 31 de março de 2011

Anoitecidos

Falava-te do grito quando a hora era breve e o ar sereno. Contrastes, dizias tu. Sorria. O grito domina a vida na sequência dos dias. Da sofreguidão à demência. Do nascimento à morte.

No grito se encerram todos os silêncios.

Sibilino o silêncio continua a martelar gritando ao mar e a inocência desfaz-se nas ondas que se quebram e se refazem.

Que o eco te leve o meu grito. Sempre um sinal de vida, de espanto, de revolta, de assombro.

O vento grita o impossível numa clareira de todos os inviáveis.

HFM - Lisboa, 29 de Março de 2011



terça-feira, 29 de março de 2011

Revisitando um dos meus quadros favoritos




Em cima o quadro de Manet - a rapariga do bar - e dois pormenores da parte que, juntamente com a expressão da mulher, mais me encantam pela cor e pela forma como a pincelada se articula com a expressividade pretendida.

Infelizmente a qualidade das fotos é fraca - de telemóvel - e porque o reflexo das luzes em nada ajuda.

Este quadro faz parte da colecção permamente da Courtauld Gallery que, desde que a conheci, nunca mais deixei de revisitar. Desta vez fui nomeadamente para ver a exposição de desenhos que lá se encontrava - Life, Legend, Landscape - Victorian drawings and watercolours, da qual falarei noutro post.

Obviamente que terminada a visita à exposição fui rever a colecção permanente onde a escolha se torna realmente difícil pois Cézanne domina a sala principal. Mas, como na minha anterior visita, aqui falei muito de Cézanne preferi desta vez escolher outro pintor. Porquê Manet e não Van Gogh ou Gauguin ou Monet? Porque, particularmente naquele dia, aquele quadro me sorriu e fez daquele momento o momento único e inesquecível.


Obrigada Manet.

domingo, 27 de março de 2011

Sem título



regresso ao mar
e pacifico
aí encontro a primeva claridade
e do sentimento a vertigem

na errância da vida
- meu porto seguro!


HFM - Ericeira, praia do sul, 21.03,2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Londres algumas fotos


British Museum - um dos sítios onde me perco e que nunca acabarei de conhecer.


Uma foto que, apesar de tirada com o telemóvel - todas o foram - eu gosto particularmente dela - exterior do British Museum.


Um insólito em Trafalgar Square.


A loja de arte onde, juntamente com a Cass, me perco nas minhas idas a Londres. Nesta o que mais gosto é da patine que o tempo foi deixando; em certos locais da pequenina loja estou sempre à espera que o chão ceda.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Há pessoas que gosto de visitar



Busto na Tavistock Place a mesma praça onde se encontra a estátua de Gandhi


"Lock up your libraries if you like, but there is no gate, no lock, no bolt that you can set upon the freedom of my mind."
— Virginia Woolf (A Room of One's Own)


"So long as you write what you wish to write, that is all that matters; and whether it matters for ages or only for hours, nobody can say. "
— Virginia Woolf (A Room of One's Own)


"Therefore I would ask you to write all kinds of books, hesitating at no subject however trivial or however vast. By hook or by crook, I hope that you will possess yourselves of money enough to travel and to idle, to contemplate the future or the past of the world, to dream over books and loiter at street corners and let the line of thought dip deep into the stream."
— Virginia Woolf (A Room of One's Own)

segunda-feira, 21 de março de 2011

De regresso

Mas ainda devagar por isso deixo apenas o único poema que escrevi em Londres prometendo que, em breve, falarei sobretudo das exposições que por lá vi - Londres no seu melhor.



Quando na cor a luz se envolve
sobram cantatas
nos contornos da harmonia

arco íris de estética
na manhã de sol londrina.

Londres, enquanto aguardava a entrada na Courtauld Gallery, 14.03.2011

terça-feira, 8 de março de 2011

um bater de pálpebras e baças ficaram as veias
desatinei no afluente do olhar onde me perdi
na estética catedral de nave sublime
ouvi o ruído seco e esquecido do silêncio dos anjos



- a miragem de um tabernáculo desconhecido.




HFM - 20 de Fevereiro de 2011

P.S: Durante uns dias este blogue vai ficar inactivo, vou até Londres para ver na Tate Britain 800 anos de aguarelas.

domingo, 6 de março de 2011

Sem título

e de repente voltou ao país a fronteira
terminada a utopia lavrou-se no presente
o esventrado capítulo da intolerância
passaporte para o desconhecido
onde sem rumo se atravessa
o caminho da sobrevivência

um mar sem ondas nem estio.


HFM - Fevereiro 2011


sexta-feira, 4 de março de 2011



Resistir ao vento? A impossibilidade segura. Vai voltar a chuva e recolho as memórias de uma Escócia verde e líquida. Fantasmas, castelos, lutas e o fragor da vida em cada lugar onde o sublime é um canto antigo - momentos despidos de excessos e aceitações!



HFM - 3 de Março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aprendizagem



o descanso da cisterna
- uma epifania no deserto.

HFM - Lisboa, 24 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011




Quando o senhor ilógico veio passar férias à minha cabeça e aos meus sentimentos assaltou, qual furacão, o establishment. Despenteou o ambiente. Apoderou-se do tesouro. Fez avançar o vento. E nas paredes virtuais ressoaram gargalhadas. Loucura? Tão só outra abordagem. Uma inóspita sensação do mundo. Na loucura nele criada o não lógico e a gargalhada fervilham de criatividade. A única com lógica. A que assenta nas ancestrais premissas. A que vagueia nos códigos. A que encima os brasões das memórias.

Uma linha de água onde o firmamento é uma miragem alheia. Sempre contrária à rotina fractal.

Um fio de água por onde me prolongo na onda que invade o mar.



HFM - Lisboa, 24 de Fevereiro de 2011