segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dirunos


Picasso



Perdi-lhes o toque, o enfoque, o trote. Raio das palavras! sempre autónomas, sempre inseguras, sempre nuas, sempre dispersas, sempre contraditórias. Não poderão ser armazenadas em qualquer chip imutável?

Sorrio-lhes. É precisamente por serem assim que as amo. Pobres palavras, são ainda o pilar dos restos de vanguarda, de visão e onde se acoita a liberdade que deixámos viciar e perder.

Eu sou apenas o meio, é nelas que resiste a força, o trote, o enfoque e o toque - autónomas, seguras, dispersas, livres.

Amo-vos, palavras do meu contentamento!

HFM - Lisboa, 30 de Janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desculpem, estamos a falar de que tempo?



O tempo flutua intocável
só ele existe
não se apreende
errante
galga
passado presente futuro
como um cometa que passa
sempre com outro rumo.

HFM - Lisboa, 23 de Janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Piranesi


Quando a mão não afaga o labirinto
as cores esmaecem no silêncio da tarde
só os enigmas persistem
renitentes a qualquer decifração
como uma toada linear
choro ralo de uma desistência

quando a mão não afaga o labirinto
só o assobio toca a distância

desnorteado elo sem sentido.

HFM - Janeiro 2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sem título


No sol frio da manhã
sobra a transparência da vida
cosendo no tiritar a trama do infinito.

HFM - Lisboa, Janeiro 2012



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Por detrás do vidro


Há no retrato a penumbra
a sombra de uma presença
miragem sem tempo
espelho sem retorno nem alegoria

um rosto esculpindo uma memória antiga.

HFM - Lisboa, 12 de Janeiro de 2012



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012




a temperatura da alma
oscila-me os nervos
cercando os seus limites
quase a rasar o vermelho
vibrações
no outro extremo
volatilidades
suspensa na linha da temperatura
como num trapézio
salto de mim para mim.

Lisboa, 5 de Outubro de 2008

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Citando - Vaclav Havel


...a esperança não é a convicção de que algo vai necessariamente correr bem, mas a certeza de que algo faz mesmo sentido independentemente do resultado que venha a ter.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sem título




o chão engasgava-se na leitura das pedras
eu assentava a revolta na relva orvalhada
em surdina, ambos nos indignávamos.

HFM - Dezembro 2011

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sem título

Na turbulência das horas
paira ainda a quietude



só a visão periférica a alcança.





HFM - Lisboa, 30 de Dezembro de 2011

domingo, 1 de janeiro de 2012




Eu sei porque apeteceu publicar este vídeo e esta canção. Os tempos repetem-se de formas diferentes.

Um bom ano para todos!