domingo, 27 de maio de 2012


HFM - Monte Branco


Quando os quilómetros são ausências e o viajante furtivo - há uma saudade inóspita.

Nos labirintos recriam-se montanhas. E a espera desespera. Inconsequências que os tempos aportam.


domingo, 20 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Equacionando


sempre que olhares o farol
pensa
- na noite ou na neblina -
indicar-te-á o caminho
na serenidade dos puros
no ouvido do mar
no retorno das histórias
na quebra da onda prometida

olha e pensa
o farol ancorar-te-á
na lava que nenhum vulcão assassina
ou nas poças de água
onde o caminhante descansa
e se perturba

no ronco da terra
escuta o significado
apreende a vida
e pensa

só assim a ferida se calará
e a solidão.

Lisboa, 12 de Maio de 2012


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Amordacei no traço a vivência
suspendi-a

assim me surpreendi.

HFM - 11 de Maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012


Lisboa encolhe-se na sua grandiosidade. Não se revela. Hesita. Gagueja. Atormenta. Ultrapassado o filtro com que se cobre Lisboa é luz, sombra, beleza, sol, rio, mar, colinas, miradouros, jardins, monumentos e aquele desleixo com que gostam de a vestir.

Lisboa é um labirinto onde o olhar se perde e o prazer se apruma.

É a minha cidade e, pondo de lado o desleixo, as obras, a porcaria, é uma das mais belas cidades europeias.

Uma cidade única - facciosismo à parte!


HFM - Lisboa, 7 de Maio 2012 

domingo, 6 de maio de 2012

Quando há muitos anos só te tenho em mim





Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar!
Quando voltar, é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras. Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça, é tudo tão verdade!

(A Invenção do Dia Claro, de Almada Negreiros, INCM)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Velhinha


Saudades desses dias que passei em Aveiro. Reflexo de moliceiro na ria.