domingo, 20 de outubro de 2013

Escritos

 


Quando nos dias se encerram as memórias flui no tempo um vagar insubmisso que o papel afaga - ora nas palavas, ora nos traços - breviário de omissões que, na pele porosa do papel, deixa marcas e guarnições.

Quanto mais na vida se acelera o quotidiano mais eu retenho as horas no astrolábio dos resistentes. Lenta, lentamente, permito ao tempo a serena cabotagem de outras perspectivas - sinais abertos a todas as direcções.

Assim me refresco. Assim me purifico. E no que outros acham não ter sentido, eu pergunto: - e há sentido na vida? Recuso-me a entrar na factualidade do momento Cada um o sente e o julga à sua maneira.

Na manhã indefinida e tristonha sigo as contas de um rosário que desconheço e, em cada apeadeiro, procuro o sentido, a justiça e todos os meus segredos. Depois prossigo. E repito, Há, contudo, um objectivo que nunca descuro - a liberdade - a minha - a da escolha que cabeça e coração sabem poder e dever construir. Aí reside a minha casa, na sombra dos arbustos, no silêncio do lugar, no tempo das perguntas cujas respostas, inevitavelmente, conduzem a outras perguntas.

Assim sou. Assim me quero.

HFM - Lisboa, 16 de Outubro de 2013